Bourgogne, uma região única | Roberto Rodrigues

Bourgogne, uma região única

Publicado em 21 de setembro de 2019 às 5:08pm

Bourgogne, uma região única

 

Conhecer os vinhos da Bourgogne não é tarefa simples, muito menos barata. Embora seja uma região relativamente pequena, como aproximadamente 30.000 hectares de vinhedos (Bordeaux tem 250.000 ha), é dividida em muitas AOP (denominação de origem protegida – a antiga AOC): aproximadamente cem! E além disso temos os Climats. Para saber um pouco mais clique aqui.

Os Climats da Bourgogne foram reconhecidos como Patrimônio Mundial da UNESCO (em 2015), formalmente com o nome de “Climats, terroirs of Burgundy, France”. Paisagens notáveis, patrimônio construído excepcionalmente, saber-fazer único, tais são os elementos que permitiram esta classificação.

O climat é o termo utilizado na Bourgogne para expressar o terroir vitícola. Cuidadosamente delimitada, há séculos (e depois disso quase não mudou), cada climat é uma parcela de vinha que possui um nome, uma história, um gosto e um local na hierarquia dos crus. São mais de 1000 climats que se sucedem em uma faixa estreita de terra entre Dijon e Santenay (ao sul de Beaune); alguns conhecidos como nomes ilustres pelos apreciadores de vinho, como Chambertin, Romanée-Conti, Clos de Vougeot, Montrachet, Corton, Musigny…

Na Bourgogne encontramos alguns do melhores e mais caros vinhos tintos do mundo. Já os brancos não ficam atrás, embora sejam menos procurados pelos brasileiros em geral (mas são minha verdadeira paixão).

Os vinhos são classificados, em ordem crescente de qualidade, como denominações Regionais (Bourgogne, Bourgogne Blanc, Bourgogne Rouge, por exemplo), Villages (Mersault, Vosne-Romanée, e muitos outros pequenos povoados), Premiers Crus e Grands Crus.

Os Grand Crus fazem a fama da Bourgogne mundo a fora, e com isso os preços são estratosféricos (representam algo como 1% da produção total). O conhecedor, no entanto, encontrará excelentes Premier Crus por preços palatáveis e qualidade surpreendente (representam algo como 10% da produção). Já o grande volume (quase 90% da produção) é constituído pelas denominações de mais baixa hierarquia – os Villages e os Regionais – mas com qualidade elevada.

 

Viagem emocionante

 

Reduzir a Borgonha a números e legislação não ajuda muito a conhecer seus vinhos. A região tem que ser conhecida “in loco”, como já o fiz seis vezes e espero poder repetir muitas outras.

Se você vai pela primeira vez à Bourgogne recomendo ficar em Beaune (não deixando de dar uma passadinha em Dijon). Beaune é a verdadeira expressão de uma cidade para os apreciadores de vinhos.

Beaune é uma cidade murada em que tudo gira em torno do vinho e da cultura. Recomendo ficar num hotel próximo ao centro (tem o Ibis Styles Beaune Centre que é BBB – bom, bonito e barato) pois ao final do dia é possível sair passeando e bebendo nos Bar à Vin, comendo nos restaurantes e apreciando a vida do local.

De Beaune facilmente se chega aos pequenos Villages ao redor (alugue um carro, ou então tenha uma bike e pedale se gosta de fazer isso).

Visitar as pequenas cidades é quase mágico, e você deve sempre procurar os vinhos de cada um desses Villages: Puligny-Montrachet (tente jantar no Le Montrachet, um estrelado do Michelin), Chassagne-Montrachet, Nuits-St-Georges, Fixin (não deixe de almoçar ou jantar no Au Clos Napoleon), Gevrey-Chambertin, Vosne-Romanée (linda, e onde fica o vinhedo Romanée-Conti), e muitos outros charmosos povoados com vinhos e mais vinhos.

Perto de Beaune, em Levernois (um “suburbio” de classe média alta), recomendo jantar no Bistrot du Bord de l’Eau (faça reserva com antecedência). Trata-se de meu restaurante favorito em Beaune.

Mas a cada ida à Bourgogne eu volto sabendo que tenho que marcar outra viagem para conhecer um pouco mais deste paraíso vitivinícola.

Em breve novas dicas sobre a Bourgogne.

 

Roberto Rodrigues
09/2019

 

Veja também:

Aula introdutória de vinhos da Bourgogne

AOPs de Bourgone

 

 

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