Aula introdutória de vinhos da Bourgogne
A Bourgogne foi habitada em ordem cronológica por:
– Celtas da tribo dos Gauleses (século VI a.C.);
– Romanos;
– Galo-Romanos;
– Germânicos, dentre os quais os mais importantes foram os Burgúndios, de onde deriva o seu nome atual, através de uma forma medieval Burgúndia Francos;
– Incursões gregas (300 a.C.) trazem a sistematização de elaboração de vinhos;
– Cultura relacionada ao vinho se expande com os romanos;
– Invasões bárbaras; o fortalecimento religioso e os Mosteiros contribuíram muito para a cultura do vinho (os Monges Cirtercienses foram fundamentais).
Séculos XIV e XV: Duques de Borgonha. Duque Felipe de Bourgogne, o Corajoso (1395) – forte atuação no desenvolvimento da viticultura na região. Proibiu o cultivo da casta Gamay, em proveito da casta Pinot noir, encontrada em suas propriedades. Foi um dos primeiros decretos voltados para a agricultura no mundo, e precursor das “Appellations d´Origine Contrôlée”.
Foi uma província da França até 1790. Foi uma região administrativa da França entre 1986 e 2015, integrando hoje a região Bourgogne-French-Comté.
Revolução Francesa e as Leis de hereditariedade levaram a região a ter milhares de produtores hoje em dia. Em função disso o produtor define grande parte da qualidade do vinho.
Extensão: possui 31.582 km quadrados de área, sendo 150 km de vinhedos com 29.067 hectares (3,7% da área de vinhedos em França).
Latitude: 45,5 a 48º N
Altitude: 175-500 m
Produção anual: 134 milhões de litros (61% brancos, 28% tintos e rosés e 11% de espumantes – dados do BIVB de 2018).
Densidade de videiras: 5.000 a 10.000 plantas por hectare (muito elevada). A pode restringe a produção por planta de modo a elevar a qualidade do vinho.
Possui uma grande diversidade climática.
Topograficamente mostra um perfil ondulado, com suaves colinas. Recebem insolação máxima. O solo é bastante variado fazendo surgir diversidade de vinhos. Predomina a composição calcária e de cascalhos, com excelente drenagem. As colinas são os melhores terrenos.
Vinificação – deve seguir as práticas locais.
Classificação: o vinhedo é privilegiado. Feita em função do solo, inclinação, insolação, etc. através de observações seculares. Mapeada em 1984. Estável – poucas alterações.
Importante selecionar o produtor (por exemplo, Clos de Vougeot tem 50 ha e 84 proprietários).
Castas principais: Chardonnay (50%), Pinot Noir (41%), Aligoté (6%), Gammay e outras (3%).
O mercado está assim distribuído: 49% Exportação e 51% França, destes 29% venda em dose (hotéis, bares de vinhos, etc) e 22% em lojas.
O BIVB (Bureau Interprofissional dos Vinhos da Bourgogne) é uma associação sem fins lucrativos, criada por lei de 1901. Baseado em princípios de paridade, defende e promove o know-how único das profissões comerciais e vitivinícolas, uma herança de tradição e uma paixão compartilhada.
Classificação dos vinhos da Bourgogne
AOP Regionais:
Bourgogne AOP
Bourgogne Grand Ordinaire (tinto Gamay, branco Aligoté)
Bourgogne Rosé Marsannay
Bourgogne Blanc
Bourgogne Rouge
Bourgogne Passe-Tous-Grains (1/3 Pinot Noir e 2/3 Gamay)
Bourgogne Aligoté (os melhores Aligoté)
Crémant de Bourgogne
Apelações periféricas da Côte D´Or (vinhedo comum a várias comunas): Hautes Côtes de Nuits, Hautes Côtes de Beaune, Côtes de Beaune (poucos vinhedos ao redor de Beaune), Côtes de Beaune Villages (brancos), Côtes de Nuits Villages (tintos e brancos).
AOP Comunal (Village):
Letras grandes com o nome do village. Se o produtor desejar e o vinho for proveniente de apenas um vinhedo (não classificado como Grand Cru ou Premier Cru), pode colocar o nome do vinhedo com letras com a metade do tamanho das letras da village.
Premier Cru:
O vinhedo é classificado junto com o village onde se encontra e o rótulo menciona os dois nomes e explicita a condição de Premier Cru, no rótulo ou na apelação.
Grand Cru:
O vinhedo é a própria apelação, independentemente do village onde se encontra, aparecendo no rótulo apenas o nome do vinhedo e o termo Grand Cru.
Roberto Rodrigues
setembro/2019
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